terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Oscar completa oitenta anos

A cerimônia da 80ª do Oscar realizada na noite de ontem (24) transcorreu sem muitas surpresas no palco do Teatro Kodak em Los Angeles. Este ano a festa teve segunda vez como apresentador, o comediante Jon Stuart. A primeira apresentação foi na cerimônia de 2006. A tradução simultânea foi de Anna Vianna, que substituiu Elizabeth Hart, morta ano passado. No estúdio da Rede Globo, a apresentação ficou a cargo de Maria Beltrão enquanto o ator José Wilker, fazendo pose ao comentar sobre os indicados e ganhadores, comentários em sua maioria inócuos e irrelevantes.

Neste ponto Wilker difere, e muito do crítico Rubens Ewald Filho, um profundo conhecedor de cinema e sua história, e que deve ter deliciado os espectadores que assistiram a cerimônia transmitida pelo canal TNT. Para nós pobres mortais, o jeito foi mesmo acompanhar o Oscar pela Rede Globo que começou atrasada como tem acontecido nos últimos anos por causa do BBB.

Quando finalmente o programa das nulidades terminou, vários prêmios haviam sido anunciados como Figurino para Elizabeth – A Era do ouro (Alexandra Byrne), melhor animação para Ratatouille, de Brad Bird e Chris Buck, maquiagem para Piaf, um hino ao amor (Didier Lavergne e Jan Archibald), efeitos visuais para a fantasia Bússola de ouro (Michael Fink, Bill Westenhofer, Bem Morris e Travor Wood) derrotando produções como Transformers e Piratas do Caribe – No fim do mundo.

Outras premiações que perdemos por causa do atraso foi Direção de arte para o musical dirigido por Tim Burton – Sweeney Todd, o barbeiro demoníaco da Rua Fleet, merecido Oscar para Dante Ferreti (Gangues de Nova York) e Francesca Lo Schiavo.

Como era esperado por nove entre dez cinéfilos de plantão o Oscar de ator coadjuvante acabou nas mãos de Javier Bardem pela sua interpretação de um psicopata no filme dos irmãos Ethan e Joel Coen – Onde os fracos não têm vez. Um Oscar indiscutível. Esperamos que Javier (indicação anterior em 2001 por Antes do amanhecer) res ção para Ratatouile, não tenha a mesma sorte que outros premiados como Joe Pesci, Cuba Junior, Jack Palance ou Benício Del Toro, entre outros cujas carreiras não andaram muito depois da premiação.

Durante a cerimônia foram exibidas cenas em homenagens aos premiados nestes oitenta anos de Oscar nas categorias de filme, diretor, ator, atriz e também coadjuvantes pontuados por depoimentos de entre outros de Steven Spielberg (premiados duas vezes pelos filmes A Lista de Schindler e O resgate do soldado Ryan), Sidney Poitier (Ao mestre com carinho, No calor da noite). Jack Nicholson (vencedor de três Oscar – Um estranho no ninho; Laços de ternura e Melhor é impossível) apresentou um clipe especial com todas as premiações de Oscar de melhor filme desde a primeira cerimônia 1928 com Asas até Os Infiltrados, de Martin Scorsese (2007).

A ganhadora como atriz coadjuvante do ano passado, Jennifer Hudson (Dreamgirls) entregou a premiação para Tilda Swinton (lembram do anjo do filme Constantine?) que ganhou por Conduta de risco. Os Irmãos Ethan e Joel Coen levaram o Oscar de roteiro adaptado por Onde os fracos não têm vez adaptação do livro do escritor americano Cormac MacCarthy, No Country for Old Men. Os Coen ganharam anteriormente pelo roteiro de Fargo. A noite ainda estava começando e prometia ser de inesquecíveis emoções para a dupla de diretores cujo filme recebeu nada menos que oito indicações, incluindo melhor direção e melhor filme.

Como sempre as piadas do apresentador fazem gargalhar apenas o público norte-americano e José Wilker (acha comediante genial), isso sem falar na apresentação das concorrentes da categoria melhor canção. Apesar das três indicadas do filme Encantada, a vencedora foi Falling Slowlly (Glen Hansard e Marketa Irglova) do filme Once. Os números musicais cada vez mais maçantes e cansativos deixam à cerimônia ainda mais longa. Mas isso faz parte do charme da festa. Apenas para registrar – O filme Encantada esteve em cartaz no Cine Veneza há poucos dias e parece que fez sucesso.

Apesar de José Wilker classificar O ultimato Bourne apenas como um filme “barulhento”, a produção dirigida por Paul Greengrass acabou ganhando nas três categorias em que foi indicado, ou seja, edição de som; mixagem de som e montagem. Mesmo que Wilker tenha torcido o nariz para este filme, podemos dizer que a produção estrelada por Matt Damon foi uma das grandes vencedoras da noite.

Assim como na cerimônia de 2007 que todos apostavam que era certo que Ellen Mirren levaria Oscar de melhor atriz por sua atuação em A Rainha também não foi surpresa quando na cerimônia desta noite o prêmio foi para Marion Cotillard que protagonizou o aclamado Piaf, um hino ao amor, onde a atriz interpreta a cantora francesa em todas as fases de sua vida.

O diretor de arte Robert Boyle aos 98 anos dos quais setenta dedicados ao cinema, depois de quatro indicações sem ganhar em nenhuma, recebe o reconhecimento da Academia que lhe dá um Oscar honorário pelo conjunto da obra que inclui filmes do mestre do suspense Alfred Hitchcock entre outros. Recebido com aplausos, o veterano disse “esta é a parte boa de envelhecer (se referindo aos aplausos) não recomendo o resto”.

Penélope Cruz que, ano passado recebeu indicação por Volver, de Pedro Almodóvar, apresentou o Oscar de filme estrangeiro. Para não fugir do óbvio, o Oscar ficou para produção austríaca The Counterfeiters, de Stefan Ruzowtzky cujo tema do filme, baseado em fatos reais versa sobre falsificação de dinheiro por nazistas. Filmes que trazem como tema o Holocausto judeu no período da Segunda Guerra sempre ganham prêmios da Academia. Que o diga Steven Spielberg que ganhou seu primeiro Oscar de diretor pela obra prima A Lista de Schindler.

O filme Sangue Negro que estava bastante cotado pelas oito indicações que recebeu terminou a noite levando apenas duas estatuetas – Melhor fotografia e melhor ator para Daniel Day-Lewis (premiado anteriormente por Meu pé esquerdo). A premiação de Day-Lewis, Oscar mais que merecido, era esperada pela sua brilhante atuação como o ganancioso Daniel Plainview sob a direção de Paul Thomas Anderson. A atriz Cameron Diaz, quando anunciou os indicados para melhor fotografia lembrou que há a setenta e nove anos o filme mudo Aurora, de Murnau (Nosferatu) recebia o primeiro Oscar nesta categoria.

Como tem sido praxe nos últimos trinta anos da cerimônia do Oscar, a Academia reserva um momento para homenagear personalidades do cinema que faleceram. In memorian lembrou nomes como Betty Hutton; Delbert Mann, Bernard Gordon; Debora Kerr; Ingmar Bergman; Michelangelo Antonioni; Robert Clark; Heath Ledger entre outros. Ao final a apresentadora Maria Beltrão homenageou Elizabeth Hart que durante vinte anos fez a tradução das cerimônias do Oscar.

E por falar em Maria Beltrão, a moça deu alguns escorregões durante a sua apresentação. Por exemplo, disse que o ator Heath Ledger morreu ano passado e que ator Sidney Poitier ganhou o Oscar de melhor ator pelo filme Ao mesmo com carinho. Na verdade o ator ganhou por Uma voz nas sombras (1964) e um Oscar honorário em 1992.

Outra produção que recebeu oito indicações, Desejo e reparação, saiu da cerimônia apenas com o Oscar de trilha sonora para Dario Marianelli. Parece que o filme dirigido por Joe Wrigth ficou literalmente a ver navios. Melhor sorte na próxima vez. Outro filme bem cotado, a produção independente Juno foi premiada com o Oscar de melhor roteiro original. A premiação consagra a roteirista de nome exótico, Diablo Cody, que segundo Maria Beltrão, trabalhou como striper. Até parece que isso faz diferença. Pelo menos em Hollywood, não, pois a Academia gosta de premiar pessoas que começam por baixo e conseguem vencer. Basta lembrar a roteirista Callie Khouri que antes de ganhar o Oscar pelo roteiro de Thelma e Louise em 1991, trabalhou durante anos como garçonete.

Os vencedores nas categorias documentário e documentário de curta-metragem respectivamente, Táxi para a escuridão (Taxi to the dark side), de Alex Gibney e Eva Orner sobre torturas feitas por soldados norte americanos no Iraque, e Freeheld, de Cythia Wade e Vanessa Roth, sobre um tema polêmico mostrando a luta de uma militar lésbica que está morrendo de AIDS e quer deixar pensão para sua companheira.

Para encerrar a cerimônia, Martin Scorsese que venceu o Oscar de melhor diretor ano passado por Os Infiltrados anunciou o melhor diretor de 2008. Não foi surpresa para ninguém quando os irmãos Coen foram chamados como vencedores por Onde os fracos não têm vez, sendo esta a primeira vez nos oitenta anos do Oscar que uma dupla de diretores é premiada. Denzel Washington, ignorado pela Academia por sua atuação em O Gângster, de Ridley Scott (também esquecido) anunciou o melhor filme. Quando parecia que Sangue Negro iria arrebatar a estatueta de melhor filme, o western moderno e violento dos irmãos Coen levou a melhor no duelo totalizando quatro Oscars.

Bem amigos por enquanto encerramos a maratona iniciada com a retrospectiva do Oscar (1999 a 2007) completada agora com este artigo sobre a cerimônia do Oscar 2008. Agora é esperar que pelo menos vinte por cento dos filmes indicados ou premiados seja exibido em nossas telas.

Humberto Oliveira
Retrospectiva do Oscar (1999 a 2007)

Este ano a cerimônia da entrega do Oscar que acontece neste domingo (24) comemora sua 80º edição. Nestes oitenta anos de a Academia de Artes e ciências cinematográficas teve muitos acertos, cometeu injustiças, gafes e omissões que, no entanto nunca ofuscaram a festa e não diminuiu seu prestígio como um dos maiores eventos ligados a Sétima Arte. Graças a aura em torno da estatueta dourada chamada Oscar fica cada vez mais difícil diferenciar entre o que é verdade e o que é mito. Considerando que Hollywood vive de produzir estrelas e ilusões isso não deveria causar estranheza.

Mas existem aqueles que vêem nos filmes única e exclusivamente a melhor e mais eficiente forma de escapismo, mesmo que outros tantos, mais sisudos achem que um filme deveria ir mais além e informar e educar. Cinema é indústria e sendo Hollywood a mais rica dessas fábricas de sonhos é natural que seja justamente o Oscar, o prêmio mais almejado por nove entre dez astros e estrelas em cartaz num cinema perto de você.

Nossa proposta é refazer o caminho desde a cerimônia que aconteceu em 1999 até a 79ª realizada ano passado quando finalmente o diretor Martin Scorsese ganhou seu Oscar mesmo que por uma produção menor em sua vasta filmografia. A partir de agora você, caro leitor é meu convidado para esta viagem no túnel do tempo pela história recente do Oscar.

2000
Concorrendo ao Oscar deste ano o público teve um cardápio dos mais variados em matéria de filmes candidatos que abordaram temas como núcleo familiar destruído (Beleza Americana); aborto (Regras da Vida); a condenação do cigarro (O Informante); pena de morte (À espera de um milagre) e ainda um garotinho que podia ver pessoas mortas (Sexto sentido); o bizarro e o insólito (Quero ser John Malkovich) ou ainda preconceito racial e injustiça (Hurricane, o Furacão).
A disputa pelo Oscar de melhor ator foi acirrada entre Denzel Washington, Russel Crowe e Kevin Spacey. O primeiro havia ganhado o Globo de Ouro tornando-se o favorito pela sua atuação como o boxeador Rubin “Hurricane” Carter que teve sua carreira destruída por causa de uma acusação de triplo assassinato e conseqüente condenação a prisão perpétua. Crowe conhecido pelo péssimo gênio e pelo perfeccionismo engordou alguns quilos para encarnar o ex-executivo da indústria tabagista que quebrou o sigilo ao dar uma entrevista bombástica no famoso programa 60 minutos. Mas no caminho de Denzel e Crowe estava Kevin Spacey com sua interpretação em Beleza Americana. Resultado: Spacey levou para casa seu segundo Oscar, sendo o primeiro como ator coadjuvante em Os Suspeitos. O Oscar pode ter ido apenas para as mãos de um indicado, mas o maior vencedor foi mesmo o público brindado por três ótimas atuações.

O Oscar de melhor filme ficou para Beleza Americana, consagrando o estreante Sam Mendes nesta produção de Steven Spielberg.

2001
Foi o ano da consagração de Russel Crowe que perdera no ano anterior para Kevin Spacey. Pela sua atuação no épico dirigido por Ridley Scott, O Gladiador que recebeu indicação, mas não ganhou, Crowe interpreta o general Maximus que depois de ter sua família assassinada e de ter se tornado o gladiador do título vai à busca de vingança. Gladiador foi um grande sucesso, conquistou o público e ganhou o Oscar de melhor filme.

A Academia premiou Júlia Roberts com o Oscar de melhor atriz pela sua atuação em Erin Brockovich, dirigido por Steven Soderbergh que teve duas indicações como melhor diretor, por este filme e também por Traffic filme pela qual ganhou como diretor, Benicio Del Toro ganhou como melhor coadjuvante. Certamente a grande injustiça do ano foi a Academia ter esquecido o sensacional Réquiem para um sonho, de Darren Aranofsky que à época estava cotado para dirigir uma nova adaptação de Batman para o cinema.

O Tigre e o Dragão, filme que mistura fábula, artes marciais e romance concorreu em duas categorias – melhor filme e melhor filme estrangeiro, vencendo nesta categoria consagrando Ang Lee que viria a ganhar um como melhor diretor alguns anos depois pelo polêmico O Segredo de Brokeback Mountain (2006).

2002
O que dizer sobre os indicados a melhor filme neste ano que incluía o sofisticado, mas frio, Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman; o drama Entre quatro paredes, dirigido por Todd Field; o musical revisionista Moulin Rouge, de Baz Luhrmann, estrelado e cantado por Nicole Kidman e Ewan McGregor; o épico de Peter Jackson – O Senhor dos Anéis, a sociedade do Anel baseado na obra de J.R.R. Tolkien e por fim Uma mente brilhante, vencedor na categoria melhor filme, a cinebiografia de John Nash dirigida por Ron Howard tendo no elenco Russel Crowe, Ed Harris e Jennifer Connelly, que ganharia o Oscar de atriz coadjuvante e Ron Howard, o de melhor diretor.

Peter Jackson estava apenas no início de jornada pelo mundo da Terra Média e dos Hobbits e como todos sabemos a consagração era apenas uma questão de tempo e de mais dois filmes que completariam a trilogia. Em 2002, Denzel Washington ganharia o segundo Oscar, desta vez como ator no drama policial Dia de Treinamento, mas o ator merecia ter ganhado dois anos antes pela sua atuação no filme de Norman Jewison, Hurricane. Coisas da Academia.

2003
A cerimônia teve de tudo um pouco. O musical Chicago que ganharia o Oscar de melhor filme e Catherine Zeta-Jones também sairia premiada como atriz coadjuvante. O público também teve O Pianista, mais uma produção sobre o Holocausto judeu, desta vez a partir do ponto de vista de Roman Polanski que levarias para casa o Oscar de melhor diretor.

Martin Scorsese marcou presença com o violento, Gangues de Nova York estrelado por Leonardo Di Caprio que retomaria a parceria com o cineasta em mais duas produções (O Aviador e Os Infiltrados). Peter Jackson estava de volta com As Duas Torres que supera em todos os quesitos o primeiro filme da trilogia. O drama As Horas que daria o Oscar de melhor atriz para Nicole Kidman, que no filme (usando nariz postiço) interpreta Virginia Wolf.

Polanski rouba a estatueta de Scorsese. Adrian Brody, protagonista de O Pianista leva o prêmio como melhor ator (um exagero). Brody concorreu com nomes de peso como Jack Nicholson (três Oscar); Daniel Day-Lewis (que ganhou por Meu pé esquerdo); Michael Caine (duas vezes vencedor como coadjuvante em Hannah e suas irmãs e Regras da Vida) e por fim Nicholas Cage (premiado por Despedida em Las Vegas. Como disse acima o Oscar de Brody realmente foi um exagero!

Cidade de Deus, para nossa tristeza ficou de fora, porém muitas surpresas estavam reservadas para o público brasileiro na cerimônia do ano seguinte.

2004
O ano de triunfo para o cinema brasileiro através do sucesso de Cidade de Deus que recebeu nada menos que quatro indicações entre elas, melhor diretor para Fernando Meirelles e ainda fotografia; roteiro adaptado e montagem. Não levou nenhum, mas Meirelles acabou consagrado e consagrando o cinema nacional, a exemplo de Central do Brasil e mais recentemente Tropa de Elite, em Berlim.

O Retorno do Rei, dirigido por Peter Jackson, encerra a famosa e milionária trilogia arrebatando nada menos que onze estatuetas entrando para o seleto clube dos filmes recordes de premiações ao lado de Ben Hur e Titanic. Na verdade o filme de Jackson na tinha concorrentes à altura – Sobre meninos e lobos; Seabiscuit, alma de herói; Mestre dos mares; Encontros e desencontros ficaram a ver navios. Peter Jackson levou Oscar de diretor vencendo medalhões como Clint Eastwood que em 2005 se sairia bem melhor com Menina de Ouro.

2005
A safra deste ano brindou o público com ótimos filmes como o acima citado Menina de ouro que sem dúvida foi o melhor filme do ano. Tivemos Ray, a cinebiografia de Ray Charles dirigida por Taylor Hackford que escalou acertadamente o ator James Foxx para o papel principal. Foxx levou o merecido Oscar de melhor ator para sua estante. Ainda na disputa o singelo Em busca da terra do nunca que rendeu uma indicação para Johnny Depp. Martin Scorsese também marcou presença com O Aviador, uma superprodução estrelada por Leonardo Di Caprio, em seu segundo trabalho sob a direção de Scorsese. Di Caprio demonstrou maturidade e segurança em sua interpretação do milionário excêntrico Howard Hughes.

A noite foi de Menina de Ouro que conquistou o prêmio principal. Eastwood levou mais um Oscar como diretor (em 1992 ganhou por Os Imperdoáveis). Premiados ainda Paul Haggis pelo roteiro adaptado; Morgan Freeman, finalmente premiado, levou a estatueta de ator coadjuvante e Hilary Swank, o de melhor atriz, o segundo de sua carreira (o primeiro foi por Meninos não choram - 1999).

2006
A cerimônia foi de surpresas agradáveis; confirmação de talentos e a consagração de nomes como Paul Haggis (Menina de Ouro) que estreou como diretor em Crash – No limite, Oscar de melhor filme do ano. Na verdade o azarão da noite, mas que merecia ganhar. Crash roubou (no bom sentido) as glórias que todos apostavam estariam reservadas para O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee.

Reconhecimento para o talento de Philip Seymour Hoffman, melhor ator por Capote; George Clooney como ator coadjuvante por Syriana. Inclusive Clooney receberia indicações para o seu segundo filme como diretor – Boa noite e boa sorte, filmado em preto e branco e estrelado por David Strathairn como o jornalista Edward Murrow que na época das caças as bruxas nos Estados Unidos, bateu de frente com o senador Joseph McCarthy.

A Academia, como sempre esquece algum filme ou diretor. Em 2006 não foi diferente. Os cineastas Fernando Meirelles e David Cronemberg que realizaram respectivamente O jardineiro fiel (Raquel Weiz ganhou Oscar de atriz coadjuvante pela sua atuação neste filme) e Marcas da Violência. Ambos os filmes mereciam melhor atenção. Ainda bem que existe o DVD para que o público possa comprovar o quanto as duas obras são ótimas.

2007
Martin Scorsese merecia ter ganhado seu Oscar como diretor desde os anos 80 com a obra prima Touro Indomável ou então nos anos 90 com outra obra prima – Os Bons Companheiros. Mas a caprichosa Academia resolveu premiá-lo justamente por uma obra menor, Os Infiltrados que também ganhou como melhor filme. Claro que o filme tem suas qualidades, porém ficou longe dos filmes citados acima. Scorsese recebeu a estatueta das mãos dos amigos Steve Spielberg e George Lucas. Antes tarde do que nunca. Sem sombra de dúvida a premiação em nada altera a carreira do cineasta de Taxi Driver, Cassino entre tantos outros. Da turma falta apenas Brian De Palma receber a premiação.

Trabalhando pela terceira vez com Scorsese, Leonardo Di Caprio recebeu nomeação para melhor ator. A Academia também deu ao ator mais uma indicação pela sua atuação em Diamante de sangue, de Edward Zwick. Porém o Oscar de ator foi para as mãos de Forest Whitaker por sua atuação em O último Rei da Escócia e o de coadjuvante para o veterano Alan Arkin por Pequena Miss Sunshine. A grande certeza da cerimônia foi mesmo o Oscar de melhor atriz para Helen Mirren por A Rainha.

Neste ano os maiores injustiçados foram os dois filmes dirigidos pro Clint Eastwood: A conquista da honra e Cartas de Iwo Jima. Os dois melhores filmes do ano. Pena que a Academia não quis enxergar o óbvio. Talvez por não querer premiar Eastwood com o terceiro Oscar como diretor. Mistérios.

Bem amigos chegam os ao fim da viagem. Esperamos que tenham gostado. Agora é só esperar domingo quando a cerimônia será transmitida pela Rede Globo, claro que depois do infame BBB. Se você um filme favorito ou ator ou atriz então chegou à hora de torcer.

Humberto Oliveira