Linha Direta Justiça dá aula de jornalismo investigativo e teledramaturgia
“Quem definirá, um dia, essa maldade obscura e inconsciente das coisas, que inspirou aos gregos a concepção indecisa da Fatalidade?” Esta frase do escritor Euclides da Cunha cabe como uma luva para tentarmos entender a sucessão de acontecimentos trágicos que ocorreram na vida do jornalista e dramaturgo, Nelson Rodrigues, depois do assassinato de seu irmão, Roberto, morto com um tiro em plena redação do jornal Crítica, do pai Mário Rodrigues.
“A Primeira tragédia de Nelson Rodrigues” título para o Linha Direta Justiça levado ao ar pela TV Globo na noite de 7 de junho de 2007, abordando o assassinato do desenhista e jornalista Roberto Rodrigues por Sylvia Seraphim Thibaú que no dia 26 de dezembro de 1929 o alvejou com um tiro de um revólver calibre 22.
A reconstituição de época foi capricihada e chegou a requintes como a presença de Jofre Rodrigues que interpretou ninguém menos que seu pai,Nelson Rodrigues, na fase adulta. Um dos netos de Mário Rodrigues Filho aparece como Nelson jovem. Outros detalhes que podemos destacar – a caracterização de Mário Filho, com suas sobrancelhas e cabelos avermelhados, e ainda a gagueira do implacável proprietário de Crítica, Mário Rodrigues.
O programa contou com os depoimentos de Nelson Rodrigues Filho, do jornalista e escritor Ruy Castro, autor da biografia definitiva de Nelson Rodrigues – O Anjo Pornográfico, do diretor de teatro Caco Coelho, que assumiu o posto deixado por Ruy Castro como organizador da obra não teatral de Nelson publicada pela Companhia das Letras, e também depoimentos de parentes de Sylvia Seraphim.
No momento do disparo fatal, na redação do jornal Crítica, além de Roberto, estava seu irmão mais novo, Nelson, na época com dezessete anos, o redator Carlos Cavalcanti, o auxiliar de redação, Juracy Drummond, e o investigador de policia, Garcia de Almeida, que inclusive foi quem desarmou Sylvia que se resignou a fazer este comentário – “Vim para matar Mário Rodrigues, matei o filho. Estou satisfeita”. Enquanto isso, Nelson tentava ajudar seu irmão que agonizava no chão.
Roberto agonizou durante três dias. Nelson ficou rezando pelo restabelecendo do irmão, mas a medicina em 1929 era muito precária. A bala se alojara na espinha de Roberto que morreria de falência múltipla dos órgãos por causa da Peritonite. A morte do irmão seria fator decisivo na obra do futuro dramaturgo Nelson Rodrigues.
No velório de Roberto, um ensandecido Mário Rodrigues não saía de perto do caixão e falava o tempo todo - “Aquela bala era para mim”. Mário Rodrigues morreria 77 dias depois do filho. Como disse Nelson Rodrigues numa crônica sobre o assassinato do irmão – “de paixão”. Com a perda de dois de seus membros, nunca mais a família Rodrigues seria a mesma. Bastou apenas um tiro deflagrado por Sylvia Seraphim.
O julgamento de Sylvia Seraphim aconteceu em 22 de agosto de 1930, tendo como advogado de defesa, Clóvis Dunshee de Abranges e na promotoria, Max Gomes de Paiva. Sylvia foi absolvida. Os Rodrigues sofreriam, depois das mortes de Roberto e de Mário, mais um duro golpe quando explodiu a revolução de 1930 e Getúlio Vargas ascendeu ao poder. Crítica era um dos jornais dos poucos jornais que faziam campanha contra Getúlio e por isso com a vitória de Vargas, o jornal foi empastelado, invadido e destruído por simpatizantes do novo presidente.
No entanto, o destino da assassina de Roberto Rodrigues também foi trágico. Depois do escândalo, Sylvia, separada do primeiro marido, se envolveu com outro homem. Ficou grávida. Da relação nasceu um menino. Sylvia foi abandonada. Desgostosa, tentou suicídio, mas foi salva e internada. No entanto teria sucesso em sua segunda tentativa.
Linha Direta Justiça, que estreou em 2003, o programa nestes mais de três anos exibiu histórias sobre casos famosos como a “Fera da Penha”; “Irmãos Naves”; ”Zuzu Angel”; “O Crime da Mala”; “Vladimir Herzog”; “Ângela Diniz”; “O desaparecimento do menino Carlinhos” entre tantos outros.
Humberto Oliveira
“Quem definirá, um dia, essa maldade obscura e inconsciente das coisas, que inspirou aos gregos a concepção indecisa da Fatalidade?” Esta frase do escritor Euclides da Cunha cabe como uma luva para tentarmos entender a sucessão de acontecimentos trágicos que ocorreram na vida do jornalista e dramaturgo, Nelson Rodrigues, depois do assassinato de seu irmão, Roberto, morto com um tiro em plena redação do jornal Crítica, do pai Mário Rodrigues.
“A Primeira tragédia de Nelson Rodrigues” título para o Linha Direta Justiça levado ao ar pela TV Globo na noite de 7 de junho de 2007, abordando o assassinato do desenhista e jornalista Roberto Rodrigues por Sylvia Seraphim Thibaú que no dia 26 de dezembro de 1929 o alvejou com um tiro de um revólver calibre 22.
A reconstituição de época foi capricihada e chegou a requintes como a presença de Jofre Rodrigues que interpretou ninguém menos que seu pai,Nelson Rodrigues, na fase adulta. Um dos netos de Mário Rodrigues Filho aparece como Nelson jovem. Outros detalhes que podemos destacar – a caracterização de Mário Filho, com suas sobrancelhas e cabelos avermelhados, e ainda a gagueira do implacável proprietário de Crítica, Mário Rodrigues.
O programa contou com os depoimentos de Nelson Rodrigues Filho, do jornalista e escritor Ruy Castro, autor da biografia definitiva de Nelson Rodrigues – O Anjo Pornográfico, do diretor de teatro Caco Coelho, que assumiu o posto deixado por Ruy Castro como organizador da obra não teatral de Nelson publicada pela Companhia das Letras, e também depoimentos de parentes de Sylvia Seraphim.
No momento do disparo fatal, na redação do jornal Crítica, além de Roberto, estava seu irmão mais novo, Nelson, na época com dezessete anos, o redator Carlos Cavalcanti, o auxiliar de redação, Juracy Drummond, e o investigador de policia, Garcia de Almeida, que inclusive foi quem desarmou Sylvia que se resignou a fazer este comentário – “Vim para matar Mário Rodrigues, matei o filho. Estou satisfeita”. Enquanto isso, Nelson tentava ajudar seu irmão que agonizava no chão.
Roberto agonizou durante três dias. Nelson ficou rezando pelo restabelecendo do irmão, mas a medicina em 1929 era muito precária. A bala se alojara na espinha de Roberto que morreria de falência múltipla dos órgãos por causa da Peritonite. A morte do irmão seria fator decisivo na obra do futuro dramaturgo Nelson Rodrigues.
No velório de Roberto, um ensandecido Mário Rodrigues não saía de perto do caixão e falava o tempo todo - “Aquela bala era para mim”. Mário Rodrigues morreria 77 dias depois do filho. Como disse Nelson Rodrigues numa crônica sobre o assassinato do irmão – “de paixão”. Com a perda de dois de seus membros, nunca mais a família Rodrigues seria a mesma. Bastou apenas um tiro deflagrado por Sylvia Seraphim.
O julgamento de Sylvia Seraphim aconteceu em 22 de agosto de 1930, tendo como advogado de defesa, Clóvis Dunshee de Abranges e na promotoria, Max Gomes de Paiva. Sylvia foi absolvida. Os Rodrigues sofreriam, depois das mortes de Roberto e de Mário, mais um duro golpe quando explodiu a revolução de 1930 e Getúlio Vargas ascendeu ao poder. Crítica era um dos jornais dos poucos jornais que faziam campanha contra Getúlio e por isso com a vitória de Vargas, o jornal foi empastelado, invadido e destruído por simpatizantes do novo presidente.
No entanto, o destino da assassina de Roberto Rodrigues também foi trágico. Depois do escândalo, Sylvia, separada do primeiro marido, se envolveu com outro homem. Ficou grávida. Da relação nasceu um menino. Sylvia foi abandonada. Desgostosa, tentou suicídio, mas foi salva e internada. No entanto teria sucesso em sua segunda tentativa.
Linha Direta Justiça, que estreou em 2003, o programa nestes mais de três anos exibiu histórias sobre casos famosos como a “Fera da Penha”; “Irmãos Naves”; ”Zuzu Angel”; “O Crime da Mala”; “Vladimir Herzog”; “Ângela Diniz”; “O desaparecimento do menino Carlinhos” entre tantos outros.
Humberto Oliveira