Tudo o que poderia dar errado nesta produção da Dreamworks, leia-se Steven Spielberg, chamada Paranóia (Disturbia), realmente deu errado. Primeiro pela escolha do diretor, D J Caruso, um dos protegidos de Spielberg, que realmente não tinha como fazer melhor com o material que lhe caiu nas mãos; a mistura de gêneros e a atuação sem carisma do elenco que inclui o astro do momento, Shia LaBeouf (Transformers), Carrie-Ann Moss (que teve dias melhores na trilogia Matrix) e David Morse (pouco à vontade como um vizinho serial killer faz do filme apenas um desfile de clichês manjados pelo público.
Depois da morte do pai num acidente onde sai ileso, o adolescente Kale Brecht (LaBeouf) se transforma. Um ano depois durante uma aula de espanhol, o jovem agride o professor com um soco e acaba condenado a três meses de prisão domiciliar. Apesar das broncas que leva da mães, o rapaz passa seus dias assistindo televisão, fazendo bagunça em seu quarto, conversando ao celular ou horas na internet. Durante uma discussão a mãe (Carrie-Ann Moss) cancela as mordomias e para desespero de Kale, corta fio da TV.
Sem ter o que fazer o jovem passa a espionar os vizinhos com um binóculo. Mas a diversão dura pouco, pois acidentalmente testemunha um assassinato cometido pelo vizinho, um assassino serial vivido por David Morse.
Mas Kale não pode sair de casa senão dispara o alarme do aparelho que o monitora. Claro que ele telefona para policia que envia o oficial responsável pela ronda do quarteirão onde o rapaz mora, que por coincidência é primo do professor que ele agrediu. O policial não acredita em sua história. Azar de Kale e dos amigos que passam a ficar na mira do assassino quando este descobre que está sendo vigiado.
A premissa do longa metragem de D J Caruso nos remete ao clássico do suspense, Janela Indiscreta cuja trama mostra o herói vivido por James Stewart impossibilitado de sair de casa por causa de uma perna quebrada e que testemunha um assassinato – obviamente guardando as medidas proporções. Espero que ninguém me apedreje com a comparação. Claro que filme do mestre Alfred Hitchcock dá um banho neste filmeco que serve apenas como veículo para o novo queridinho de Hollywood e de Spielberg também – Shia LaBeouf que protagonizou a superprodução de Michael Bay, Transformers e ganhou um papel de destaque em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal interpretando o filho do arqueólogo aventureiro.
Paranóia peca por não se definir quanto ao gênero na tentativa de agradar ao público. Começa como drama ao mostrar o acidente em que morre o pai do protagonista, a revolta do garoto e sua prisão; depois passa para comédia mostrando as peripécias de Kale durante os três meses de prisão domiciliar monitorada pela polícia através de um alarme colocado em sua perna; em seguida vem o suspense quando entra em cena o vizinho psicopata. No final o filme descamba para os clichês habituais do gênero, ou seja, perseguição, violência - mãe, namorada e amigo em perigo, o herói enfrenta o bandido e salva todos garantindo assim um desfecho feliz ao lado da nova namorada.
Se alguém numa locadora ou amigo lhe indicar o filme Paranóia faça um favor a si mesmo e ao seu bolso – ignore a dica, vá para casa, ligue a televisão e assista a mais um capítulo da novela mutante Caminhos do Coração. Não é uma opção melhor, mas pelo menos você não gastou seu suado dinheiro alugando um filme ruim. Quem avisa amigo é.
Humberto Oliveira
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