quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A comédia Meu passado me condena deveria fazer rir

Realmente, os últimos três anos têm sido das comédias brasileiras, pelo menos no cinema nunca se produziram tantas em tão pouco tempo (a não ser no período das Chanchadas), e tão ruins, apesar do sucesso de algumas destas produções. O gênero comédia romântica movimenta cifras milionárias ao redor do mundo e o motivo é óbvio: Está assim de gente querendo entrar na sala escura para se divertir, sem ter que decifrar nada. Para quem se enquadra neste time hoje, ontem ou sempre, Meu Passado Me Condena, o filme é produção nacional trilhando esse caminho, rodado dentro um navio e durante cerca de três semanas, mais ou menos o tempo da viagem dos protagonistas. Dirigido pela estreante Júlia Rezende e estrelado por Fábio Porchat e Miá Mello, o longa estreou semana passada, mas não traz nada que o público não tenha visto. O humor é o de sempre, ou seja, raso, pouco ou nada engraçado, repetitivo, e além das piadas sem graça, o filme é recheado de clichês.

Baseado no seriado homônimo, exibido no canal Multishow, a história traz os mesmo personagens, Fábio (Fábio Porchat) e Miá (Miá Mello). Eles se conheceram numa festa, se casaram rápido e partiram em lua de mel para a Itália, a bordo de um transatlântico. Mas o que fazer se entre os passageiros estão Beto, um ex-namorado fogoso (Alejandro Claveaux) e uma ex-paixão (Juliana Didone) dos tempos de escola? É o que os dois vão descobrir, uma vez que o risco de "flashback" é grande, pois o tal ex é rico e inteligente, ao contrário do noivo que é mão de vaca e confunde o cineasta Truffaut com chocolates. Para piorar o momento amorzinho da noiva, surge o Cabeça (Raphael Queiroga), amigo de infância daqueles invasivos e cheios de brincadeiras bobas, que costumam ter graça para quem participa, quem já viveu algo parecido ou se deixa levar por bobeiras que não envelhecem. E de fato, algumas fazem rir, mas somente se você forçar bastante, claro.

O filme até tem momentos de acerto, porém, são inegáveis os tropeços, oscilando entre fazer rir e, no máximo, arrancar um sorriso. E aqui a dupla, sem dúvida, funciona quando descamba no tiroteio verborrágico, reproduzindo as discussões sem freios de muitos casais. Pena é ver que pontos engraçados, como medo de navio, hipocondria ou Fábio tirando onda para cima do ex de Miá, tenham ido a pique, porque claramente renderiam mais. 

O roteiro (será que dá para chamar isso de roteiro?) escrito a seis mãos por Tati Bernardi, Leandro Muniz e Patrícia Corso, não passa mesmo de uma colcha de retalhos mal costurada. Tanta gente para escrever dá até para desconfiar. Ao terminar a sessão, a constatação do óbvio chega quase a irritar. Devo ressaltar que muitas pessoas gostaram e até gargalharam durante a projeção. Tive vontade de perguntar por que, no entanto, faltou coragem.
Meu Passado Me Condena parece um filme feito às pressas, desleixado e mal acabado. A trama, completamente sem foco, falha em estabelecer um ritmo, deixando a narrativa truncada. Porchat e Miá improvisam muito, e isso acaba prejudicando a graça e naturalidade. Por exemplo, todos os momentos íntimos são exagerados e forçados, e isso piora quando eles precisam interagir com outras pessoas. Daria para equilibrar melhor estas cenas de confusões e o climinha de romance.

Tudo bem que é o primeiro filme dirigido pela Júlia Rezende - autora do argumento de Meu passado me condena, e atuou como 2ª assistente de Direção do longa De pernas pro ar 2 - mas ela não ousou, a direção é frouxa e nada criativa, de originalidade a produção passou longe, como o diabo fugindo da cruz. Nem mesmo tiveram a capacidade de criar nomes para os personagens, que se chamam – Fábio e Miá. Pois é, os mesmos nomes dos atores protagonistas. Na verdade, a culpa não deve ser jogada nas costas da diretora, pois com atores (atores?) tão fora de controle, fica mesmo difícil entregar um filme, no mínimo, decente.

 Afinal, o "salva-vidas" mesmo é Porchat, que neste ano foi visto em outros dois filmes: Vai que Dá Certo (2.7 milhões de ingressos) e O Concurso (1.3 milhão de espectadores). Produzido pela veterana Mariza Leão (De Pernas pro Ar 2) e dirigido pela estreante (em longas) Julia Rezende, filha da produtora e criadora do seriado, Meu Passado Me Condena pode até causar náuseas nos mais exigentes, mas o tripulante que procura humor leve e descompromissado na sala escura pode embarcar sem medo de enjoo.



Um comentário:

orosco disse...

Oiiii

vim retribuir e conhecer o blog..tenho face, mas exatamente hoje, esse mes de dezembro, pausei o face...até janeiro.

Ah me diga viu o ultimo do wiil smith com o filho...chato de doerrr eu achei. :* bjinhos