A comédia Meu passado me
condena deveria fazer rir
Realmente, os últimos
três anos têm sido das comédias brasileiras, pelo menos no cinema nunca se
produziram tantas em tão pouco tempo (a não ser no período das Chanchadas), e
tão ruins, apesar do sucesso de algumas destas produções. O gênero comédia
romântica movimenta cifras milionárias ao redor do mundo e o motivo é óbvio: Está
assim de gente querendo entrar na sala escura para se divertir, sem ter que
decifrar nada. Para quem se enquadra neste time hoje, ontem ou sempre, Meu Passado
Me Condena, o filme é produção nacional
trilhando esse caminho, rodado dentro um navio e durante cerca de três semanas,
mais ou menos o tempo da viagem dos protagonistas. Dirigido pela estreante
Júlia Rezende e estrelado por Fábio Porchat e Miá Mello, o longa estreou semana
passada, mas não traz nada que o público não tenha visto. O humor é o de
sempre, ou seja, raso, pouco ou nada engraçado, repetitivo, e além das piadas
sem graça, o filme é recheado de clichês.
Baseado no seriado homônimo, exibido no canal Multishow, a história traz os
mesmo personagens, Fábio (Fábio
Porchat) e Miá (Miá
Mello). Eles se conheceram numa festa, se casaram rápido e
partiram em lua de mel para a Itália, a bordo de um transatlântico. Mas o que
fazer se entre os passageiros estão Beto, um ex-namorado fogoso (Alejandro Claveaux) e uma ex-paixão (Juliana
Didone) dos tempos de escola? É o que os dois vão descobrir,
uma vez que o risco de "flashback" é grande, pois o tal ex é rico e
inteligente, ao contrário do noivo que é mão de vaca e confunde o cineasta Truffaut com chocolates. Para piorar o momento amorzinho da noiva,
surge o Cabeça (Raphael Queiroga), amigo de infância daqueles invasivos e
cheios de brincadeiras bobas, que costumam ter graça para quem participa, quem
já viveu algo parecido ou se deixa levar por bobeiras que não envelhecem. E de
fato, algumas fazem rir, mas somente se você forçar bastante, claro.
O filme até tem momentos
de acerto, porém, são inegáveis os tropeços, oscilando entre fazer rir e, no
máximo, arrancar um sorriso. E aqui a dupla, sem dúvida, funciona quando
descamba no tiroteio verborrágico, reproduzindo as discussões sem freios de
muitos casais. Pena é ver que pontos engraçados, como medo de navio,
hipocondria ou Fábio tirando onda para cima do ex de Miá, tenham ido a pique, porque
claramente renderiam mais.
O roteiro
(será que dá para chamar isso de roteiro?) escrito a seis mãos por Tati Bernardi, Leandro Muniz e Patrícia Corso, não passa mesmo de
uma colcha de retalhos mal costurada. Tanta gente para escrever dá até para
desconfiar. Ao terminar a sessão, a constatação do óbvio chega quase a irritar.
Devo ressaltar que muitas pessoas gostaram e até gargalharam durante a
projeção. Tive vontade de perguntar por que, no entanto, faltou coragem.
Meu
Passado Me Condena parece um filme feito às pressas, desleixado e mal
acabado. A trama, completamente sem foco, falha em estabelecer um ritmo,
deixando a narrativa truncada. Porchat e Miá improvisam muito, e isso acaba prejudicando
a graça e naturalidade. Por exemplo, todos os momentos íntimos são exagerados e
forçados, e isso piora quando eles precisam interagir com outras pessoas. Daria
para equilibrar melhor estas cenas de confusões e o climinha de romance.
Tudo bem que
é o primeiro filme dirigido pela Júlia Rezende - autora
do argumento de Meu
passado me condena, e atuou como 2ª assistente de Direção do longa De pernas pro ar 2 - mas ela não ousou, a direção é frouxa e nada
criativa, de originalidade a produção passou longe, como o diabo fugindo da
cruz. Nem mesmo tiveram a capacidade de criar nomes para os personagens, que se
chamam – Fábio e Miá. Pois é, os mesmos nomes dos atores protagonistas. Na
verdade, a culpa não deve ser jogada nas costas da diretora, pois com atores
(atores?) tão fora de controle, fica mesmo difícil entregar um filme, no
mínimo, decente.
Afinal, o
"salva-vidas" mesmo é Porchat, que neste ano foi visto em outros dois
filmes: Vai que Dá Certo (2.7 milhões de ingressos) e O
Concurso (1.3 milhão de
espectadores). Produzido pela veterana Mariza Leão (De Pernas pro Ar 2) e dirigido pela estreante (em longas) Julia
Rezende, filha da produtora e criadora
do seriado, Meu Passado
Me Condena pode até
causar náuseas nos mais exigentes, mas o tripulante que procura humor leve e
descompromissado na sala escura pode embarcar sem medo de enjoo.
Um comentário:
Oiiii
vim retribuir e conhecer o blog..tenho face, mas exatamente hoje, esse mes de dezembro, pausei o face...até janeiro.
Ah me diga viu o ultimo do wiil smith com o filho...chato de doerrr eu achei. :* bjinhos
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